Prepare-se para se surpreender! Um talentoso hacker conhecido como “decrazyo” conseguiu executar um sistema operacional parecido com o Linux em um Famicom original, o querido console japonês da Nintendo. Sim, estamos falando de um aparelho dos anos 80 rodando um SO avançado!
Diferente do NES ocidental, o Famicom tinha uma pegada mais “computador”, justificando o nome “Family Computer”. E foi graças ao Disco Sistema, um acessório com memória e armazenamento extra, que a façanha foi possível.
No vídeo publicado por “decrazyo”, vemos o sistema com uma interface parecida com o Terminal do Linux funcionando no console. O código-fonte está até disponível no GitHub para quem quiser conferir de perto!
Mas como? O hardware original do Famicom não chega nem perto do necessário para rodar um SO moderno. Aí entra a engenhosidade: o hacker usou o Disco Sistema, que contava com mais memória e armazenamento, e um teclado oficial da Nintendo para a entrada de dados.
Ao invés de tentar portar o Linux diretamente, “decrazyo” criou um sistema próprio que segue os princípios do Unix: separação entre kernel e hardware, sistema de arquivos hierárquico, multitarefa e uma interface em linha de comando similar. A base escolhida foi o Little Unix (LUnix), desenvolvido para o Commodore 64, cuja arquitetura era parecida com a do Disco Sistema.
O processo de adaptação exigiu muito trabalho: definir o mapeamento de memória, escrever um novo código de inicialização, reorganizar o gerenciamento de memória do LUnix e criar drivers específicos para o teclado e o chip gráfico do Famicom. Tudo isso graças à extensa documentação fornecida por outros hackers e desenvolvedores ao longo dos anos.
O maior desafio foi programar um novo driver para o Disco Sistema, já que ele lê os dados sequencialmente, diferentemente da maioria dos drives. Mesmo assim, “decrazyo” conseguiu criar um driver que permite leitura dos dados, possibilitando finalmente a inicialização do sistema.
O resultado final tem algumas limitações, como lentidão devido ao drive e glitchs visuais. Mas comprova a incrível capacidade do console em rodar um SO estilo Unix! Para compensar a performance, os testes foram feitos em um emulador a 1.000% de velocidade. Ainda assim, o vídeo mostra o sistema funcionando em um NES americano real usando um cartucho Everdrive.
Vale ressaltar que o Everdrive é um cartucho especial que permite rodar jogos não-oficiais, então seu uso nesse experimento pode ser debatido. Afinal, vários cartuchos oficiais do NES também utilizavam chips extras para expandir as capacidades do console. Mas, sem dúvida, ver o sistema rodando em um Disco Sistema original seria algo épico!
E tem mais! Em 2022, outro hacker criou um sistema operacional gráfico para o NES, sem interface de texto, mas com várias aplicações suportadas. Apesar da falta de teclado, que dificulta a interação, esse projeto também é impressionante.
A comunidade hacker nunca para de nos surpreender, mostrando que mesmo aparelhos “ultrapassados” como o Famicom ainda têm muito potencial escondido. O que será que o futuro